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Guaratiba

Seus Nomes Indígenas e Seus Simbolismos.

Quando os habitantes originais de Guaratiba viviam por aqui, a Paisagem era ainda mais bonita, a Natureza não era explorada e degradada como forma de sacrifício ante o progresso econômico.

Os ecossistemas estavam em perfeito equilíbrio e as espécies eram abundantes, os Tupinambás observavam os peixes entrando rio acima por uma foz em estuário em meio ao Manguezal de Guaratiba, e então deram o nome de “Piraquê” que significa “onde entra o peixe”.

A pesca era (e ainda é) uma atividade muito importante para a região, de forma que além das lanças e flechas, os indígenas construíam ao longo da Restinga uma espécie rudimentar do que hoje os pescadores chamam de cercada, provavelmente de troncos mais finos de árvores ou bambuzais provenientes do Maciço da Pedra branca, por este motivo ao olhar ao longo do Litoral deram nome à magnífica Restinga que protege esta Baía de “Marambaia” que significa “paliçada de guerra” .

Havia ainda neste belo litoral uma ilha, que muitos anos mais tarde serviria de marco divisório entre as terras dos Jesuítas e a Fazenda da Pedra de Guaratiba, esta ilha está próxima ao continente e localizada bem em frente à uma área de Manguezal, onde no futuro seria criada a Área de Proteção Ambiental da Brisa, os Índios ao avistarem o principal símbolo da região, repousando à noite na pequena ilha , em sua homenagem lhe chamaram de “Guaraqueçaba” que significa “onde dormem os guarás” .

Ao avistarem um pequeno crustáceo muito presente no bairro e com uma curiosa maneira de se deslocar lhe deram o nome de “Siri” que significa correr/deslizar para trás.

Quando o europeu chegou ao nosso litoral, as tribos indígenas já estavam estabelecidas há muitos anos, diante da tentativa em explorar os recursos naturais que nossa terra oferecia, a proximidade do europeu com os Índios fez com que a cultura indígena fosse anulada aos poucos, as doenças vindas do homem branco, a catequização , o trabalho forçado (geralmente não aceito) e a fundação de vilas acabaram contribuindo para o declínio desta cultura nascida em solo brasileiro.

A quantidade de vilas surgidas no início do período de colonização era grande , porém apenas uma única vila (leia-se cidade) fora fundada por um índio , no caso nossa vizinha Niterói, fundada por Araribóia (que significa cobra feroz) batizado como Martim Afonso de Souza , recebeu a doação de Mem de Sá pela bravura e ajuda aos portugueses na expulsão dos franceses da Baía de Guanabara, logo a vila que nasceu como São Lourenço, hoje Niterói, foi a única cidade oficialmente fundada por um índio no Brasil.

Uma questão que ultrapassa os limites de Guaratiba, mas certamente coloca em dúvidas sobre a real utilização de uma expressão , diz respeito ao termo Guará, sabemos que existe o pássaro Guará (Eudocimus ruber) exuberante ave vermelha presente nos mangues de Guaratiba até a década de 80, e por outro lado, temos a conhecida garça branca (Ardea alba) cujos índios também referiam-se à esta espécie o termo “Guará”.

Ao analisar cidades como Guaratuba, Guaratinguetá, Guaraciaba e outras localidades do Centro Oeste brasileiro que apresentam a junção do termo Guará, identificamos a presença maciça da Garça branca, nos levando à reflexão de que justamente esta espécie mais popular e mais abundante no Brasil, de fato tenha sido mesmo o Guará referido pelos indígenas e a outra espécie vermelha, provavelmente tenha sido referenciada mais tarde por nós.

Ou talvez, o termo tenho sido utilizado pelos indígenas para se referir às duas espécies, já que guará em tupi significa “comedor voraz”, fato confirmado por essas espécies que costumam devorar peixes, siris, camarões, insetos, anfíbios, pequenas cobras e até filhotes de outras aves.

Mas, assim como no Pantanal e na Amazônia, em Guaratiba a presença das garças brancas acaba atuando como um forte simbolismo da região.

Seja qual for a teoria certa, as tribos indígenas passaram, mas suas influências permanecem no espaço de Guaratiba, nos animais, localidades, artesanatos, gastronomia e principalmente em sua atmosfera mística, carregada de história e muita ancestralidade.

Será esta talvez a explicação de nós moradores e admiradores de Guaratiba sentirmos uma energia tão forte e diferenciada em relação à esta terra?

Mas tratando-se de ancestralidade devemos abordar um outro grupo, que chegou à Guaratiba mais tarde, porém de forma muito triste, os Africanos.

Estes também são responsáveis pela construção e contribuição da identidade de Guaratiba e sua Ancestralidade, e serão abordados em um próximo artigo !

Por Paulo Jorge Neves

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Fazenda de Santa Cruz

Um dos marcos da história do Brasil, essa antiga fazenda, localizada na Zona Oeste da cidade, no bairro de Santa Cruz, é uma das raízes do passado nacional.

Depois que Cristóvão morreu, a Marquesa Ferreira, esposa dele, doou as ricas terras para os padres jesuítas.

“Os Jesuítas juntaram essas terras doadas a outras e fizeram uma grande fazenda, um latifúndio, que tinha como referência uma grande cruz, então nasceu o nome Fazenda de Santa Cruz“, conta o historiador Maurício Santos.

As terras eram tão vastas que englobavam regiões como Guaratiba, Mangaratiba e iam até Vassouras, no Sul do estado do Rio de Janeiro. Era uma das mais desenvolvidas fazendas das Américas.

“Um dos símbolos da sofisticação da Fazenda de Santa Cruz nesta época é a Ponte do Guandu, ou Ponte dos Jesuítas, que foi erguida para conter as águas do Rio Guandu, em uma espécie de represa”, destaca Maurício Santos.

A Fazenda de Santa Cruz é considerada o berço da organização instrumental e coral do primeiro conservatório de música do país, pois lá se formaram grupos de escravos que tinham aulas de música para se apresentar em missas locais.

Com a expulsão dos Jesuítas de todas as regiões dominadas por Portugal, a Fazenda de Santa Cruz passou a ser posse da Coroa, se tornando Real Fazenda de Santa Cruz.

A Corte adotou o local como casa de veraneio e usava o Caminho Real para se deslocar da Quinta, em São Cristóvão, para a Real Fazenda de Santa Cruz. D. Pedro I e D. Miguel foram, praticamente, criados no local.

Quando voltou para Portugal, em 1821, D. João VI, que tanto gostava da Real Fazenda de Santa Cruz, estendendo por meses os finais de semana que passaria por lá, a viu se tornar Fazenda Imperial de Santa Cruz.

Foi na Fazenda Imperial de Santa Cruz que D. Pedro I passou a lua de mel com a princesa Leopoldina. Foi lá, também, que ele se reuniu com José Bonifácio antes de tomar a decisão de declarar a independência do Brasil, em 1822.

Já com D. Pedro II à frente do Brasil, a Fazenda Imperial de Santa Cruz ganhou o primeiro telefone do país, que fazia comunicação com Paço de São Cristóvão, isso em 1842, bem distante dos nossos muitos celulares.

Com o advento da República, a casa principal da Fazenda de Santa Cruz, que já havia sido convento de Jesuítas e residência imperial, passou a abrigar tropas do Exército Brasileiro.

Atualmente é sede do histórico Batalhão Escola de Engenharia. Cabe muita história por lá. Muita, mesmo.